

EUA ameaça jogar a toalha sobre guerra na Ucrânia
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, advertiu nesta terça-feira (29) que seu país deixará de fazer a mediação pelo fim da guerra na Ucrânia se Kiev e Moscou não apresentarem "propostas concretas".
O presidente Donald Trump havia prometido encerrar o conflito nas primeiras 24 horas após retornar à Casa Branca. Rubio sugeriu que os Estados Unidos poderiam passar, em breve, a focar em outros assuntos.
"Estamos em um momento no qual ambas as partes devem apresentar propostas concretas sobre como encerrar esse conflito", declarou Tammy Bruce, porta-voz do Departamento de Estado, afirmando se tratar de uma mensagem de Rubio. "Se não houver progresso, daremos um passo atrás como mediadores."
Tammy acrescentou que, em última instância, cabe a Trump decidir se vai avançar na diplomacia. Ele sugeriu hoje que seu colega russo, Vladimir Putin, ainda deseja negociar um acordo de paz.
Em entrevista à rede de TV americana ABC, Trump foi questionado se Putin quer a paz. "Acredito que sim", respondeu o republicano, que insinuou que o líder russo deseja tomar o controle de toda a Ucrânia. "Por minha causa, ele não vai conseguir."
Putin, propôs um cessar-fogo de três dias por ocasião das comemorações, na próxima semana, do 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, em Moscou. Mas rejeitou um apelo dos Estados Unidos — com o qual a Ucrânia concorda — por um cessar-fogo de 30 dias.
Os Estados Unidos não querem "três dias [de trégua] para celebrar outra coisa", mas sim "um cessar-fogo completo e duradouro e o fim do conflito", disse a porta-voz.
- Pressão -
Não está claro se Rubio está pronto para virar a página ou se deseja pressionar os dois países.
"Todos queremos que esta guerra termine de forma justa, sem recompensas para Putin, principalmente sem territórios", disse hoje em videoconferência o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, durante uma reunião de cúpula na Polônia.
O embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzia, tentou responsabilizar Zelensky e afirmou que Moscou continuará conversando com Washington. "Ele está decidido a escalar o conflito. Rejeita de forma imprudente as propostas de paz equilibradas dos Estados Unidos", declarou, no Conselho de Segurança.
Na mesma sessão, o diplomata americano John Kelley disse que as duas partes se beneficiariam de um trabalho sobre a proposta-marco, e condenou os ataques russos contra a Ucrânia. "Agora mesmo, a Rússia tem uma grande oportunidade de alcançar uma paz duradoura."
Trump, que criticou o apoio de seu antecessor Joe Biden à Ucrânia, aproximou-se de Putin após assumir o cargo e o retirou do isolamento internacional em que se encontrava desde que ordenou a invasão à Ucrânia em fevereiro de 2022.
Putin voltou a se reunir na semana passada com o principal enviado de Trump para assuntos internacionais, Steve Witkoff.
Trump, por sua vez, repreendeu publicamente Zelensky em reunião na Casa Branca em 28 de fevereiro, por considerar que ele não agradeceu suficientemente pelas armas fornecidas pelos Estados Unidos.
A Ucrânia tentou rrecuperar terreno e apoiou os esforços diplomáticos americanos, além de negociar um acordo no qual Washington controlaria grande parte da riqueza mineral do país.
- 'Concessão após concessão' -
A senadora americana Jeanne Shaheen, principal democrata no Comitê de Relações Exteriores do Senado, alertou hoje que reconhecer "a anexação ilegal da Crimeia pela Rússia encorajaria novas agressões de Moscou e Pequim". "O presidente Trump e sua equipe têm conduzido essas negociações de forma desastrosa, fazendo concessão após concessão à Rússia", disse.
A Ucrânia ordenou hoje a evacuação de sete vilarejos no oblast (região administrativa) leste de Dnipropetrovsk, que antes estavam afastados da linha de frente, mas agora estão sob ameaça das forças russas.
A Rússia tenta avançar nesse oblast a partir do vizinho Donetsk, mas não obteve sucesso, mesmo após mais de três anos de combates.
Na semana passada, um míssil balístico atingiu uma área residencial de Kiev, em um dos ataques mais mortais à capital ucraniana desde o início da invasão.
Y.Saleh--al-Hayat